quarta-feira, 23 de junho de 2010




Se ele não fosse tão gostoso, tão lindo e tão educado...ela bem que poderia mandar ele se fuder, mas não teve coragem e somente fuzilava o rapaz com os olhos, sem mover um músculo da face. Olhava para o seu carro popular destruído e para o BMW do cidadão, que tinha apenas uns arranhões na parte lateral.

Se ele tivesse ligado a seta ou buzinado, nada disso teria acontecido. Ele foi imprudente e ela perdeu a hora no salão. Ele conseguiu livrar o carro de um impacto maior e ela foi obrigada a se jogar por cima da calçada...

Ele voltava da academia, estava relaxado, acionara o seguro. Estava sentado, propavelmente pensando na morte de bezerra. Ela tentava, ainda, falar com o seguro. Irritada mas tentando demonstrar calma, não se conteve:

- Você sempre comete essas tolices no volante?


- Não, creio que essa tenha sido a primeira vez.


- "Creio"? Como assim? Vc come e não reza?


- Sou ateu, mas entendi bem o que vc tentou dizer. É pq eu não gosto muito de dirigir, estou sempre alheio ao trânsito.


- Alheio ao trânsito? E então pq vc está conduzindo um veículo?


- Dispensei o motorista hoje. Resolvi fazer alguma coisa diferente.


- E realmente fez, mas fez mesmo. Nossa, vc nem imagina como fez.




E por um instante ela lembrou que aquele deus grego tinha um defeito terrível: era ruim de cama. Ela defendia, mesmo sem saber os motivos, que um homem que não sabe dirigir, não sabe fazer sexo. E por ainda não acreditar, voltou a observar o moço.






- Sim, mas...vc mora por aqui? Ou veio de longe, me causar esse estrago?


- Sim, na rua Arnaldo Freitas de Aquino. Na casa 356. E vc? Em qual castelo mora a princesa?


- Estou mais pra príncipa...mas não moro por aqui, tive somente a infelicidade de pegar essa avenida, com o objetivo de livrar do engarrafamento...mas encontrei vc, que me causou esse estrago. Sou de outra cidade. Estou na casa de uma amiga.


- Mas pode relaxar, tudo será pago. Isso não é problema.


- Sei...e vc tem problemas?


- Quem não tem? Tenho sim, mas tudo sob controle.




E voltou a pensar naquele homem de quase dois metros deitado na sua cama, fazendo sexo oral nela, usando todas as habilidades manuais e bucais e veio a possíbilidade de ele não transar bem...Olhou as mãos, os pés, as pernas. Fitava cada detalhe das costas largas e bem trabalhadas, os músculos dos braços. A covinha na bochecha...era realmente muito bonito. Dentes perfeitos, olhos brilhantes...tinha observado quase tudo...




-Olha, eu preciso ir. Já estou atrasada demais pra o salão. Dê-me seu telefone que entrarei em contato. O carro pode ficar por aí, ou melhor, o que restou do carro.


- Vc é sempre assim? Arredia? Áspera? Ou está com medo de alguma coisa?


- Realmente senhor...como é mesmo seu nome?


- Olavo. E vc? Como se chama?


- Judithe. Perdoe a aperente falta de educação, mas eu perdi a hora do salão e provavelmente não vou conseguir um encaixe. Tenho um casamemto hj, serei madrinha. Imagina a situação?


- Vc será madrinha de um casamento? Nossa, eu também.


- É ainda tem tanta gente casando, né? Monte de loucos.


- Alguma coisa contra?


- Jamais, adoro casamentos. Só espero não ir ao meu.


- Nossa, eu já casei 4 vezes, é muito bom.


- Continua casado?


- Não.


- Tão bom que vc está solteiro. Ai, ai, ai...vai enterder os homens.








E por um instante, ela observou o tamanho do short dele. O quanto estava apertado e como ele era bem dotado. Teve pensamentos pecaminosos e mais vez viu o deus na sua cama, dessa vez no maior amasso. Ela era uma balzaquiana bonita, teve alguns namorados canalhas e um ou dois mais decentes, que ela não conseguiu suportar. "Eram perfeitos demais, preciso de mais falhas, mais defeitos", era assim que ela justificava todas as vezes que os amigos lamentavam o fim do relacionamento. Trabalhava e conseguiu frequentar bons lugares, era agradável, com exceção de alguns dias no mês. Mas havia uns meses que não fazia sexo. Por isso a irritação.






- Preciso mesmo ir. Vou providenciar uma peruca.


- Tome meu cartão. Espero que tudo se resolva o mais rápido possível. E...bom casamento.


- Pra vc também. E da próxima vez, leve seu motorista.






Ela pegou um táxi e pediu que ele fosse até o shopping mais próximo. Lá, certamente, teria um salão. A amiga ligou:




- Ju, vc tá bem? Conseguiu achar o salão?


- É quase isso. Mas to bem, pessoalmente conto os detalhes.


- Amiga, vc terá um pequeno problema, mas acho que vc vai acabar gostando. Não precisa ir à igreja com seu carro. O seu par vai pegar vc na casa de mamãe.


- Ah, q sorte, ele parece q tem bola de cristal. Já estou gostando desse rapaz.


- Amiga, o nome dele é Olavo, mas a gente chama ele de Olavinho. Seis em ponto ele chega.


- Estarei pronta, em ponto. Beijo.






E ela não imaginou que naquela noite teria a certeza se ele era ou não bom de cama...




Nenhum comentário:

Postar um comentário